Análise da relação entre as Deficiências dos Controles Internos, a Governança Corporativa e a Qualidade da Informação Contábil

Marcus Vinicius Moreira Zittei, Edvaldo Gonçalves do Nascimento, Renato Paulo de Souza, Arthur Vereda da Silva

Resumo


O objetivo desta pesquisa é analisar a relação as deficiências dos controles internos, a governança corporativa e a qualidade da informação contábil. A amostra é composta por 208 empresas (580 observações) de todas as empresas não financeiras listadas na Brasil, Bolsa, Balcão (B3), durante um período entre 2015 a 2017. A deficiência dos controles internos é uma variável binária, no qual um indica que a empresa divulgou deficiências nos controles internos no item 5.3 do Formulário de Referência. A qualidade da informação contábil foi mensurada por meio dos accruals discricionários, conforme os modelos de Jones (1991) modificado por Dechow et al. (2012) e por meio da manipulação das atividades operacionais, conforme Roychowdhury (2006) e Cohen, Dey e Lys (2008). A governança corporativa é uma variável binária, no qual um indica que a empresa é do Novo Mercado. Os resultados demonstraram que 38,96% das empresas analisadas apresentaram deficiências dos controles internos, o que pode ser considerado uma incidência moderada para alta, se comparado a estudos internacionais. Além disso, os resultados mostraram que a divulgação das deficiências dos controles internos melhora a qualidade da informação contábil, seja por gerenciamento de resultados por accruals discricionários ou por atividades operacionais, uma vez que, em geral, as empresas que divulgaram algum tipo de deficiência já estavam trabalhando na remediação da fraqueza dos controles internos no período da divulgação. Portanto, os resultados dessa pesquisa sinalizam para as empresas a importância que a divulgação e a remediação dos controles internos possuem, pois assegura a confiança junto aos investidores e credores.

    

Texto completo:

PDF

Referências


Altamuro, J., & Beatty, A. (2010). How does internal control regulation affect financial reporting? Journal of Accounting and Economics, 49(1-2), 58-74.

Antunes, M. T. P., Grecco, M. C. P., Formigoni, H., & NETO, O. R. D. M. (2012). A adoção no Brasil das normas internacionais de contabilidade IFRS: o processo e seus impactos na qualidade da informação contábil. Revista de Economia e Relações Internacionais, 10(20), 5-19.

Ashbaugh-Skaife, H., Collins, D. W., Kinney Jr, W. R., & LaFond, R. (2008). The effect of SOX internal control deficiencies and their remediation on accrual quality. The Accounting Review, 83(1), 217-250.

Attie, W. (2006). Auditoria: Conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas.

Beaver, W. H. (1981). Financial reporting: An accounting revolution. Prentice Hall.

Bedard, J. C., Hoitash, R., Hoitash, U., & Westermann, K. (2012). Material weakness remediation and earnings quality: A detailed examination by type of control deficiency. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 31(1), 57-78.

Chan, K. C., Farrell, B., & Lee, P. (2008). Earnings management of firms reporting material internal control weaknesses under Section 404 of the Sarbanes-Oxley Act. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 27(2), 161-179.

Chaney, P. K., Faccio, M., & Parsley, D. (2011). The quality of accounting information in politically connected firms. Journal of accounting and Economics, 51(1-2), 58-76.

Cohen, D. A., Dey, A., & Lys, T. Z. (2008). Real and accrual-based earnings management in the pre-and post-Sarbanes-Oxley periods. The accounting Review, 83(3), 757-787.

Crepaldi, S. A. (2009). Auditoria contábil. Teoria e prática. São Paulo: Atlas.

Dechow, P., Ge, W., & Schrand, C. (2010). Understanding earnings quality: A review of the proxies, their determinants and their consequences. Journal of Accounting and Economics, 50(2-3), 344-401.

Dechow, P. M., Hutton, A. P., Kim, J. H., & Sloan, R. G. (2012). Detecting earnings management: A new approach. Journal of Accounting Research, 50(2), 275-334.

Dechow, P. M., Sloan, R. G., & Sweeney, A. P. (1995). Detecting earnings management. Accounting review, 70(2), 193-225.

Donelson, D. C., Ege, M. S., & McInnis, J. M. (2016). Internal control weaknesses and financial reporting fraud. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 36(3), 45-69.

Dowdell Jr, T. D., Herda, D. N., & Notbohm, M. A. (2014). Do management reports on internal control over financial reporting improve financial reporting? Research in Accounting Regulation, 26(1), 104-109.

Doyle, J. T., Ge, W., & McVay, S. (2007). Accruals quality and internal control over financial reporting. The Accounting Review, 82(5), 1141-1170.

Epps, R. W., & Guthrie, C. P. (2010). Sarbanes-Oxley 404 material weaknesses and discretionary accruals. Accounting Forum, 34(2), 67-75.

Garcia, O. P. G., Kinzler, L., & Rojo, C. A. (2014). Análise dos sistemas de controle interno em empresas de pequeno porte. Revista Interface, 11(2), 132-153.

Ge, W., & McVay, S. (2005). The disclosure of material weaknesses in internal control after the Sarbanes-Oxley Act. Accounting Horizons, 19(3), 137-158.

Goh, B. W. (2009). Audit committees, boards of directors, and remediation of material weaknesses in internal control. Contemporary Accounting Research, 26(2), 549-579.

González, J. S., & García-Meca, E. (2014). Does corporate governance influence earnings management in Latin American markets? Journal of Business Ethics, 121(3), 419-440.

Healy, P. M., & Wahlen, J. M. (1999). A review of the earnings management literature and its implications for standard setting. Accounting Horizons, 13(4), 365-383.

Hoitash, U., Hoitash, R., & Bedard, J. C. (2009). Corporate governance and internal control over financial reporting: A comparison of regulatory regimes. The Accounting Review, 84(3), 839-867.

Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC. (2015). Código das melhores práticas de governança corporativa. 5ª ed. São Paulo: IBGC.

Imoniana, J. O., Antunes, M. T. P., Mattos, S. M., & Maciel, E. (2012). The analytical review procedures in audit: An exploratory study. Advances in Scientific and Applied Accounting, 5(2), 282-303.

Jaggi, B., Mitra, S., & Hossain, M. (2015). Earnings quality, internal control weaknesses and industry-specialist audits. Review of Quantitative Finance and Accounting, 45(1), 1-32.

Järvinen, T., & Myllymäki, E. R. (2015). Real earnings management before and after reporting SOX 404 material weaknesses. Accounting Horizons, 30(1), 119-141.

Johnstone, K., Li, C., & Rupley, K. H. (2011). Changes in corporate governance associated with the revelation of internal control material weaknesses and their subsequent remediation. Contemporary Accounting Research, 28(1), 331-383.

Jokipii, A. (2010). Determinants and consequences of internal control in firms: a contingency theory based analysis. Journal of Management & Governance, 14(2), 115-144.

Krishnan, G. V., & Visvanathan, G. (2007). Reporting internal control deficiencies in the post‐Sarbanes‐Oxley era: The role of auditors and corporate governance. International Journal of Auditing, 11(2), 73-90.

La Rocca, M. (2007). The influence of corporate governance on the relation between capital structure and value. Corporate Governance: The international journal of business in society, 7(3), 312-325.

Lenard, M. J., Petruska, K. A., Alam, P., & Yu, B. (2016). Internal control weaknesses and evidence of real activities manipulation. Advances in Accounting, 33, 47-58.

Lin, J. W., & Hwang, M. I. (2010). Audit quality, corporate governance, and earnings management: A meta‐analysis. International Journal of Auditing, 14(1), 57-77.

Lopes, A. B.; Martins, E. (2005). Teoria da Contabilidade: Uma nova abordagem. São Paulo: Atlas.

Lopes, I. M. O., Marques, V. A., & Louzada, L. C. (2017, julho). (D)eficiências dos controles internos das empresas listadas na BM&FBOVESPA. Anais do USP International Conference Accounting, São Paulo, SP, Brasil, 17.

Machado, Q. C. M.; Tonin, G. A. Benefícios dos controles internos para a administração pública municipal. Revista Eletrônica do TCE-RS, 1(1), p. 97, 2014.

McVay, S. E. (2006). Earnings management using classification shifting: An examination of core earnings and special items. The Accounting Review, 81(3), 501-531.

Mattos, C. C., & Mariano, R. P. (2009). Controle interno: Uma abordagem teórica. Contabilidade Vista & Revista, 10(1), 34-39.

Migliavacca, P. N. (2002). Controles internos nas organizações. São Paulo: Edicta.

Mitra, S., & Hossain, M. (2011). Corporate governance attributes and remediation of internal control material weaknesses reported under SOX Section 404. Review of Accounting and Finance, 10(1), 5-29.

Myllymäki, E. R. (2013). The persistence in the association between Section 404 material weaknesses and financial reporting quality. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 33(1), 93-116.

Nagy, A. L. (2010). Section 404 compliance and financial reporting quality. Accounting Horizons, 24(3), 441-454.

Nascimento, A. M., Bianchi, M., & Terra, P. R. S. (2007). A controladoria como um mecanismo interno de governança corporativa: Evidências de uma survey comparativa entre empresas de capital brasileiro e norte-americano. ABCustos, 2(2), 70-96.

Nelson, M. W., & Skinner, D. J. (2013). How should we think about earnings quality? A discussion of “Earnings quality: Evidence from the field”. Journal of Accounting and Economics, 56(2-3), 34-41.

Paulo, E., Cavalcante, P. R. N., & Melo, I. I. S. L. (2012). Qualidade das informações contábeis na oferta pública de ações e debêntures pelas companhias abertas brasileiras. BBR-Brazilian Business Review, 9(1), 1-26.

Perera, H., & Baydoun, N. (2007). Convergence with international financial reporting standards: the case of Indonesia. Advances in International Accounting, 20, 201-224.

Roychowdhury, S. (2006). Earnings management through real activities manipulation. Journal of Accounting and Economics, 42(3), 335-370.

Santos, A. C., & Scarpin, J. E. (2011). Gerenciamento de Resultados: análise de sua incidência em empresas mais admiradas do Brasil. Revista de Estudos Contábeis, 2(3), 14-33.

Silveira, A. D. M. (2005) Governança Corporativa: Desempenho e valor da empresa no Brasil. São Paulo: Saint Paul Editora.

Steinberg, H. (2003). A dimensão humana da governança corporativa. São Paulo: Gente.

Teixeira, I. S., & Teixeira, R. C. F. (1998, setembro). Contribuições do controle interno à gestão empresarial. Anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção - ENEGEP, Niterói, RJ, Brasil, 6.

Van de Poel, K., & Vanstraelen, A. (2011). Management reporting on internal control and accruals quality: insights from a “comply-or-explain” internal control regime. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 30(3), 181-209.

Vidal, D. C., & Silva, A. H. C. (2017). A percepção dos auditores externos sobre a adequação dos sistemas de controle interno nas empresas de capital aberto. Pensar Contábil, 18(67), 57-64.

Vilhena, F. A. C., & Camargos, M. A. (2015). Governança corporativa, criação de valor e desempenho econômico-financeiro: Evidências do mercado brasileiro com dados em painel, 2005-2011. REGE - Revista de Gestão, 22(1), 77-96.

Zang, A. Y. (2012). Evidence on the trade-off between real activities manipulation and accrual-based earnings management. The Accounting Review, 87(2), 675-703.




Indexadores: